
Foto: Charles Guerra (Diário)
Grávida de 26 semanas, Danielle tem toxoplasmose e festejou que o bebê não contraiu a doença
Finalmente, teve fim a espera de Danielle Xavier dos Santos, 26 anos, a gestante que descobriu a contaminação por toxoplasmose e temia que o filho tivesse contraído a doença. No dia 12 de junho, em uma das salas de consulta do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), a médica que acompanha o pré-natal deu a notícia tão esperada: o bebê de Danielle, Joaquim, não contraiu a doença e está imune ao Toxoplasma gondii, o protozoário transmissor da doença.
- Fui na consulta e perguntei para a médica sobre o resultado. Ela consultou no sistema e disse que estava tudo bem com o nenê e que ele não tinha nada. Me senti aliviada, porque eu queria tanto engravidar, aí, quando engravidei, veio toda essa função - contou Danielle.
A gravidez da dona de casa foi atravessada por um caso de saúde pública que chamou a atenção do Estado. Ela descobriu a doença antes mesmo de as autoridades da área tratarem os registros de toxoplasmose como uma situação de epidemia. O diagnóstico de Danielle foi feito em 13 de março deste ano, enquanto a notícia de que havia um surto na cidade veio à tona em 19 de abril.
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O exame exige a coleta de líquido amniótico a partir da 18ª semana de gravidez - Danielle está na 26ª semana de gestação. Como o feto não foi infectado, o tratamento continua com o medicamento Eritromicina, três vezes ao dia. O medicamento é prescrito pelos médicos para evitar a transmissão da toxoplasmose para o bebê.
Além disso, as orientações de precaução às gestantes quanto à ingestão de alimentos e bebidas não mudam. As autoridades de saúde permanecem na investigação, mas trabalham, agora, em duas possibilidades da origem da doença: a água ou as hortaliças. Medidas como a fervura da água por, pelo menos, um minuto, e o cozimento de legumes estão entre as ações preventivas recomendadas.
Danielle não tem nenhum palpite sobre a fonte da sua contaminação.
- Para mim, não era da água, porque, logo que descobri que estava grávida, não conseguia tomar nem água, era só água mineral com gás. Também não comia nada de salada - relata.
Autoridades em saúde acreditam que origem do surto de toxoplasmose pode ser a água ou hortaliças
Grávidas são consideradas integrantes do "grupo de risco" para a toxoplasmose. É parte de qualquer pré-natal monitorar a doença. Mas os números na cidade preocuparam Danielle. Até o momento, o relatório de investigação dá conta de que 50 gestantes foram confirmadas com toxoplasmose - um boletim atualizado era esperado para sexta-feira, mas não foi divulgado até o fechamento desta edição. Também foram confirmados três óbitos fetais e dois abortos. O Ministério da Saúde considera aborto até 22 semanas de gestação. Já a denominação morte fetal vale para idade gestacional superior a 22 semanas.
- Meu medo era de acontecer algo com o bebê. De um aborto ou algo assim. De ele nascer com algum problema - diz Danielle, demonstrando consciência dos inúmeros riscos que circundavam a gestação.
Agora, a única preocupação é organizar o chá de bebê, programado para agosto, e aguardar a chegada de Joaquim. Danielle optou por tentar o parto normal. A previsão é que o primogênito dela e do marido, Paulo Marafiga, 25 anos, chegue em outubro.
RISCOS DA TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO
Início - Primeiro trimestre
- Má-formação ou abortamento
- Há maiores chances de quadros mais graves, tais como microcefalia
- As chances de transmissão ficam entre 3% a 7%
Final - Terceiro trimestre
- Diminuem os riscos para o feto
- As complicações para o bebê podem ser a chance de toxoplasmose ocular, que pode levar à cegueira, e alteração na audição
- As chances de transmissão são de cerca de 90%